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A Companhia de Jesus (em latim: Societas Iesu, S. J.), é uma congregação religiosa que foi criada através de uma bula papal por Santo Inácio de Loiola juntamente com alguns estudantes da Universidade de Paris, com o objectivo de propagar a fé, de se dedicar ao ensino e apoiar os serviços de saúde. O seus membros chamam-se comumente jesuítas, mas este nome, que é encontrado já no século XV, nunca foi adopado oficialmente.


Fundação

Sto inacioloyola

Santo Inácio de Loiola

A Ordem foi criada a 15 de Agosto de 1534 por Santo Inácio e seis estudantes: Pedro Fabro, Francisco Xavier, Alfonso Salmeron, Diego Laynez e Nicolau Bobedilla, todos eles espanhóis e Simão Rodrigues, um português. Encontraram-se na Igreja de Santa Maria, Montmartre e fundaram a Companhia de Jesus para desenvolver trabalho de acompanhamento hospitalar e missionário, propagando a fé cristã. Em 1537 viajaram até Itália em busca de aprovação papal da sua nova ordem. O Papa Paulo III concedeu-lhes a recomendação e autorizou que fossem ordenados padres, o que ocorreu nesse mesmo ano. A congregação de cardeais deu parecer positivo, mais tarde, à constituição apresentada e a 27 de Setembro de 1540, Paulo III confirmou a ordem através da Bula Regimini militantis Ecclesiae, que integra a Fórmula do Instituto onde está contida a legislação substancial da Ordem, cujo número de membros foi limitado a 60. A limitação foi porém posteriormente abolida pela Bula Injunctum nobis de 14 de Março de 1543. Inácio de Loiola foi escolhido para servir como primeiro superior geral. Ele enviou os seus companheiros e missionários para vários países europeus, com o fim de criar escolas, liceus e seminários.


A Ordem em Portugal

No mesmo ano da sua fundação e a conselho de Diogo de Gouveia, os primeiros membros da Companhia chegaram a Portugal, sendo bem recebidos por D. João III. Iniciaram quase imediatamente as suas actividades preparando-se em especial para a missionação entre os povos do Oriente. S. Francisco Xavier chegou a Portugal em 1542, tomando a responsabilidade de dirigir o Colégio das Artes, da Universidade de Coimbra em 1553. Apesar da sua actividade ter sido notável, a missionação não se impôs de imediato, visto que eram ainda olhados com desconfiança.


A Ordem nas colónias

Jesuitas-1-

gravura de uma missa jesuíta no Brasil

Apesar da opinião inicial desfavorável, os Jesuítas desenvolveram no Oriente (e, mais tarde, no Brasil) uma persistente acção, seguindo o exemplo de S. Francisco Xavier. Os missionários jesuítas pretendiam ser ouvidos e compreendidos pelo maior número possível de pessoas, de todas as proveniências e religiões. Com este propósito estudavam as línguas nativas e nelas predicavam os pricípios da religião cristã. Assim, foram os primeiros europeus a estudar seriamente línguas exóticas e a registar, por escrito, os resultados desses estudos, quer imprimindo gramáticas dessas línguas, quer adaptando para estas catecismos, quer ainda recolhendo vocabulários . Nesse sentido, foram os jesuítas que levaram para o Oriente os apetrechos necessários para a criação de oficinas impressoras.


A Ordem no Oriente

Quando S. Francisco Xavier chegou a Goa, já existia um bispo e alguns membros do clero estavam aí sediados. Para além da Índia, só nas fortalezas de Malaca e Ternate se podia encontrar algum sacerdote. No entanto, em poucos anos, S. Francisco Xavier estendeu a Companhia por extensas regiões na Ásia, mesmo ao Japão e à China. Antes da aprovação pontífica (em 1540) já a Companhia de Jesus era de facto uma corporação missionária a pedido de D. João III e durante os primeiros 25 anos as missões que teve eram exclusivamente portuguesas. Os jesuítas pregraram por todo o Oriente a mensagem de Jesus Cristo, respeitando quanto possível os costumes e leis em vigor. Dirigiram escolas primárias, sobretudo nas fortalezas. A cidade de Goa chegou a ter 800 alunos. Pio VII restaurou a Companhia em 1814 mas esta não regressou imediatamente a Portugal devido às leis pombalinas em vigor. Os missionários seguiram então para o Oriente e já não pertencem à história de Portugal.


A Ordem no Brasil

A Companhia nasceu no âmbito da reforma que se dava em todo o mundo, inclusivamente na igreja católica, o que explica o seu êxito na pedagogia. No Brasil, estabeleceram vários colégios, sendo o fundador de vasta maioria Manuel da Nóbrega. Nóbrega demonstrava ao erguer estes colégios a sua fé de que as crianças nativas se convertessem rapidamente ao cristianismo. No entanto, as suas intenções não foram cumpridas devido à dificuldade em alfabetizar povos primitivos. Estes colégios eram mais frequentemente frequentados pelos filhos dos colonos e por mestiços. Um dos pregadores de destaque em território brasileiro pertencente à companhia é o Padre António Vieira.


Herança Cultural

Como homens do Renascimento os Jesuítas levaram informações das colónias para Portugal e Roma e outros países europeus. A Companhia contribuiu com conhecimento em todas as áreas, desde a medicina e a botânica, até à economia e à literatura.


Expulsão e extinção em Portugal

As Cortes iluministas da Europa opuseram-se aos ensinamentos e influência da Companhia de Jesus, tendo sido Portugal, por iniciativa do Marquês de Pombal, o primeiro país de onde foram expulsos em 1759 acusados pelo Ministro de estarem envolvidos na tentativa de regicídio do ano anterior. No resto da Europa ocorreu igualmente uma expulsão da Ordem por parte dos governantes, visto que esta tinha enorme poder e influência, o que não agradava de todo aos governantes.


Bibliografia

  • (direcção) Albuqeurque,(1994), Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses",s.l., Círculo de Leitores, Volume I.
  • (direcção)Serrão, J., (1981), Dicionário de História de Portugal, Porto, Livraria Figueirinhas, Volume III.
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